O ler e escrever
sempre estiveram presentes em minha vida, fato esse de ter irmãos mais velhos.
Recordo o primeiro dia de aula, nos idos anos de 66. Sempre gostei de estudar,
sonhava com esse dia, uma vez que via os meus irmãos irem à escola e lendo,
ficava a observá-los, não via o momento que faria o mesmo, quando percebi já
estava na escola e no exercício da leitura. Não recordo o nome e o autor do
primeiro livro que li, mas o primeiro contato foi com a literatura de cordel,
devido a minha origem, mesmo não tendo o prazer de ser criado no meu Estado de
nascimento, porém, o costume foi conservado. Li muitos livretos de tal literatura,
ainda hoje faça tal prática. Ainda criança ouvia muitas histórias e causos, ora
contados pela minha mãe (a qual muita boa contadora) e uma amiga de ela (exímia
contadora de causos e histórias). Eram muito lindos.
Tinha um senhor que
trabalhava para o meu pai, o qual ia a nossa residência para ler a Bíblia, a
lia e todos nós ficávamos atentos, a observá-lo, era bastante interessante.
Dali para frente o gosto pela leitura foi ativado. Como disse Danuza Leão em
seu depoimento de que lê de tudo, eu faço o mesmo, leio de tudo. Pena que o
tempo não permita que eu faça com mais frequência.
A primeira vez que
fui fazer a leitura de um grande livro foi em 1975. Na estante de casa tinha
"Os sertões" de Euclides da Cunha. Comecei a lê-lo. Li algumas
páginas, não consegui, parei. Passados quatro anos voltei a lê-lo. Recomecei li
o que já havia lido e um pouco mais, também, parei. Coloquei-o na estante
novamente. Em 1990 decidi que iria lê-lo. Comecei tudo de novo, aí fui até o
fim. Fique impressionado com os relatos de Euclides da Cunha, com o vocabulário
e com a riqueza da narração, precisa. Outro livro que li e fiquei bastante
maravilhado com ele foi Olga de Fernando Moraes. Recordo também dos livros
que líamos obrigatoriamente, como: A moreninha de Joaquim Manuel de Almeida, A
escrava Isaura de Bernardo Guimarães, A mão e a luva de Machado de Assis,
Iracema de José de Alencar, foram tantos, que se for arrolar vai longe.
Como a minha primeira
formação é em Jornalismo, li alguns livros de: Sociologia, Filosofia, Psicologia,
Política (O príncipe - Nicolau Maquiavel e O Capital de Karl Marx), de
Antropologia, de Comunicação e outros afins. Foram experiências excelentes,
memoráveis, que jamais as esquecerei. Ler é viajar na história contada ou na
ideia defendida pelo autor. Não tenho preferência por um autor. Gosto de todos.
Se eu fosse definir um, estaria a comentar injustiça com os outros.
Quanto ao escrever
não sei se sou bom para tal, mas escrevo e sempre precisei coloca-lo em
prática. Lembro que ainda na segunda ou terceira série primária a professora (Maria
Lúcia) nos ensinou a preencher cheque e colocar o endereço corretamente em um
envelope de carta. O mais interessante disso foi quando ela pediu-nos para que escolhêssemos um colega, pois faríamos uma carta e
endereçaríamos a ele. Assim fizemos.
Ela solicitou-nos
para que levássemos 0,20 centavos (a moeda na época era o cruzeiro), levamos,
ela juntou todos aqueles envelopes, levou-os ao correio e postou. Sei que não
demorou muito e cada um de nós recebemos o seu. Como foi gostoso aquele
trabalho, bastante importante receber aquela carta, pois lá no destinatário
estava o meu nome, pulei de alegria, foi inesquecível.
Lembro
também, que ela pedia-nos para fazermos a lista de compra, o que consumíamos no
mês. Além de fazer o a lista, tínhamos que efetuar os cálculos. Não podia
errar, não errávamos, pois era uma competição, a qual muito saudável. Recordo
que um determinado dia a professora nos pediu para que escrevêssemos um bilhete
para um amigo ou uma amiga solicitando-lhe o empréstimo de um livro.
Escrevi-o
para uma prima, a qual já estava no curso ginasial (2ª série, é isso mesmo,
segunda série ginasial), pois, na escola em que ela estudava tinha Francês, de
vez em quando eu ia à casa do meu tio, ela estava a fazer lição, por coincidência,
a de francês. Achava bonita a pronúncia, ficava encabulado. Então! Escrevi o
bilhete pedindo-a emprestado o seu livro de Francês. Aquilo para mim foi o
máximo, quando o li em voz alta, meus colegas riram muito, por que acharam
engraçado.
Quando
fui para o curso ginasial, este, no entanto, tinha outra nomenclatura, ou seja,
Primeiro Grau. De início achei estranho, mas não demorou muito para acostumar.
Além disso, houve mudança no currículo da escola. As aulas de Francês foram substituídas
pelas a de Inglês, portanto, não tive a oportunidade de estudar Francês, pois
era a minha vontade.
Outra
mudança pela qual passei, na verdade, não só eu, mas todos, principalmente, os
que estudavam. Foi o acordo ortográfico de 1971. Até então escrevíamos determinadas
palavras de uma maneira, por exemplo: bolo, ele, pezinho, somente, escrevíamos assim:
bôlo, êle, pèzinho, sòmente, etc, ete e etc... Sei o que ia escrever, pensava que não, lá
estava a palavra com a velha grafia. Contudo, o tempo nos encarregou e
absorvê-la, não demorou muito para que a usasse corretamente. Não é tudo,
porém, um pouco da minha experiência como estudante, profissional e cidadão.